O meu silêncio
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A cada dia, ocupa um espaço maior no meu interior,
alastra como uma nódoa de azeite numa camisa nova.
Estou há tanto tempo calada, que começo a habituar-me ao silêncio,
á sua companhia inóspita, ao seu hálito húmido de cave.
Começo a esquecer algumas palavras,
custa-me reproduzi-las.
O meu silêncio é gigante, cinzento e pesado,
um muro intransponível de cimento, que posso ver,
respirar e tocar, como se estivesse num concerto de Natal numa Igreja
repleta de gente que (apenas) escuta.
Olho-me ao espelho e apenas vejo silêncio.
Os meus olhos em silêncio, as mãos e o corpo todo em silêncio.
Apenas uma sombra silenciosa.
Muda. Sem voz.
O meu silêncio é gigante, cinzento e pesado,
um muro intransponível de cimento, que posso ver,
respirar e tocar, como se estivesse num concerto de Natal numa Igreja
repleta de gente que (apenas) escuta.
Olho-me ao espelho e apenas vejo silêncio.
Os meus olhos em silêncio, as mãos e o corpo todo em silêncio.
Apenas uma sombra silenciosa.
Muda. Sem voz.
Dentro de pouco tempo, não terei mais nada para dizer.
* Foto de Po_Sol_Ona
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