terça-feira, novembro 07, 2006

Labirinto que se fecha em ti

Fecha a porta
lentamente deixa a luz rasgar os cortinados
e escancarar as janelas dos quartos
dirigir os passos pelos corredores
vazios de sombras e de sentidos

á toa
espalha os restos de mim pelo soalho

a vida é um puzzle que nunca se chega a completar

Acende um cigarro
dispara palavras no eco do silêncio
um grito
um apelo
a raiva dos dias que te acende
o olhar

e não há abrigo que se feche sobre ti
senão a lembrança de mim

Mas eu sou um puzzle
de peças soltas
espalhadas á toa pelo soalho

mas eu sou um labirinto de palavras
uma espiral infinita no sentido do nada

Quando chegas
eu já parti.


Ana Caeiro, “Segredos da Gaveta”