Os Amantes sem afeto
Continuo a abandonar-me a
ti mesmo sabendo que já não estás.
Em tantas noites
incertas, sinto ainda a tua respiração presa ao meu peito, o teu toque de mar
salgado nos meus dedos.
Há mesmo longos momentos
em que te vejo assim, dormindo ao meu lado, a mão sobre o meu seio esquerdo, as
pernas ligeiramente fletidas e o bater do teu coração como uma brisa ligeira.
Entrelaçados como nunca
estivemos, genuínos como nunca fomos.
Os Amantes sem afeto. Um
Amor sem fôlego.
E nada dói mais do que isto:
o nosso tempo sem história e a minha janela aberta para a tua prisão de muros
altos.
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