domingo, outubro 20, 2019

Até ao osso


Amar-te
é ser prisioneira numa cela escura,
lamber-te as mãos depois de me ferires.
É ir até ao osso,
ao fundo da mágoa e da coragem,
como quem morre à beira das palavras,
como quem arde à margem do teu peito,
para sempre com os lábios frios.
Lembrar-te
é ter o teu nome gravado nos meus dedos,
Ser tua mesmo em todas as noites brancas do esquecimento.
É ir até ao osso,
quando o suor e as lágrimas já se evaporaram,
quando a carne e o sangue já de nada me servem,
quando todo o teu tempo já se esgotou
no meu ventre de estrias.

                     Foto retirada da Internet