terça-feira, outubro 02, 2007

Carta (do meu Silêncio)


All you seek is the end, all you hear is this sad song,
Time is reaching the end…”

“The End”, Instead, 2007



Meu Amor
O tempo agigantou-se entre nós
E tornou-nos distantes, frios e cinzentos
Como estátuas perdidas na memória.

O meu coração tornou-se uma peça inútil,
Apenas te reconhece a ti, só a tua voz o acorda.
No resto do tempo está em coma.

Meu Amor
Queria que tudo começasse hoje,
Que tu aparecesses ao virar da esquina
E que os nossos olhos e os nossos corpos
se cruzassem, por acaso.
Gostava que desta vez nos encontrássemos.

Passou tanto tempo e tu não deste conta.
Eu envelheci muitos anos, tornei-me diferente,
Habituei-me ao sabor das lágrimas.

Deitei-me e levantei-me contigo todos os dias,
Como quem vive com uma doença crónica
Á qual já se habituou.

Meu Amor
Este é o caminho terminal.
Já não tenho por onde seguir.
Tu vives num hemisfério diferente, num planeta distante
que eu não alcanço.
Sou apenas um ser imperfeito, Amor,
perdoa-me.

Sei que se lesses estas palavras
Nunca te reconhecerias nelas.
Por isso ofereço-te o meu silêncio.
O silêncio da despedida.

Meu Amor
Este é o meu segredo
Tenho-te debaixo da pele, gravado permanentemente nas mãos.
No fim, serás sempre tu o eleito.

Para sempre tua
Ginger

* Foto de Gabriele Rigon

1 Comments:

Blogger isabel mendes ferreira said...

impressionante carta . do grito.



_______________________

boa noite.

12:17 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home