quarta-feira, dezembro 10, 2008

Pensamento Abstracto

Todos os olhos estão em mim enquanto durmo.
Todas as mãos me tocam quando acordo.
O sono e as mãos pegajosas, a pele gélida, áspera, com escamas.
Ouço a língua sibilar e nesse momento rastejo como um réptil.
Na parede uma tela de formas indistintas, chora, grita,
até me ensurdecer. Mastigo vidros, pequenos vidros brilhantes,
que se estilhaçam contra os meus dentes,
com um ruído perturbador, que me ferem o céu da boca e sabem a sangue.
E eu gosto.
Isto não é um sonho. Esta é a minha realidade paralela, a minha alternativa ao não Amor, á não vida, ao silêncio branco e cortante que já ninguém suporta.

Deste lado, é noite, chove incessantemente e o tempo é um gigante invencível.



* Imagem retirada da Internet

1 Comments:

Blogger Cristiane Felipe said...

Este poema, tanto como a imagem, me lembraram M.C. Escher...
Lindo poema!
Sou do Brasil e adoro acompanhar os poetas portugueses, me desculpe a intromissão.
Abraços.

3:20 da tarde  

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