terça-feira, novembro 23, 2010

Ponto de Ruptura



O mundo todo geme de dor enquanto eu me distendo,
me altero, me transformo sob o peso absurdo da pressão.
Nada é tão real como esta carga, este fardo gigante nas minhas costas, este ensaio de morte rasgada.
Enquanto o tempo hesita e se renova, enquanto as nuvens se avolumam e se rebelam
o meu corpo de cerdas e fraquezas antevê o grito final, a derradeira mutilação.
Mutilada a vida e a alma, perdida a esperança e a mágoa.
O tempo é inexorável, impiedoso, cruel e castiga-me de forma brutal, esbofeteia-me com as costas da mão.
A dor é já insuportável, preciso rebentar depressa, explodir com estrondo,
transformar-me em milhões de partículas negras , levitar de encontro ao alívio.
O medo é tudo o que resta no momento branco em que se dá o impacto final,
no minuto perfeito em que conheço o ponto de ruptura.
O fim é breve.
Doce.
Imutável.
* Foto retirada da Internet