quarta-feira, abril 20, 2011

Travessia

Perdida na margem deste rio
sinto a Primavera morna tocar-me o peito
e desfazer-se na noite.
Espero.
Tenho de fazer a travessia, mas o meu silêncio progride,
salta por cima das margens, aventura-se através do caudal negro,
e aguarda a minha chegada do outro lado.

Tu já atravessaste e desapareceste no horizonte
como se fosses um Sol que se pôs.
A luz da Lua brilha na superfície espelhada do rio,
e o meu corpo treme sob o frio da solidão e da noite.
Escuto.
Procuro ouvir os teus passos ao longe ou a tua voz perdida no escuro
mas nada no silêncio me fala de ti e apenas o rio caminha com fúria.

Espero.
Sozinha á beira deste rio.
Faço das margens a minha casa e da noite a minha cama.
Nada se faz entender, depois da tua ausência.



* Foto retirada da Internet

2 Comments:

Blogger Mel de Carvalho said...

Ficam os registos de uma escrita sensível.
Gostei muito de aqui estar. Voltarei com mais tempo. Merece uma leitura atenta.

Abraço
Mel

9:35 da tarde  
Blogger Gustavo said...

escreve compulsão, com pulsão, fluidez.
abç

Gustavo

1:11 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home