Como nos filmes...
As cidades têm bandas sonoras. Nós somos sempre protagonistas do filme errado. Fingimos gostar do nosso par, vivemos de encontros e de desencontros, mas, às vezes, apaixonamo-nos mesmo, como na vida real. Neste cenário nada acontece por acaso. Nem mesmo a colher de café que cai ao chão. Ou o guarda-chuva esquecido no banco de trás de um carro qualquer.
Como nos filmes, há sempre alguém à procura de alguém. Há sempre alguém preso às janelas, de peito rasgado pela vida. Como nos filmes, não há curas absolutas para os amores que se julgaram perfeitos. Como nos filmes, os olhos mentem. O beijo é arte e fingimento. O corpo não é pertença de ninguém. Molda-se. Cai. Decompõe-se. Como nos filmes, há alguém, neste momento, à minha espera. E não vou. Não quero correr. Não tenho pressa. Como nos filmes, não há relógios. E a verdade é que o despertador não tocou.
Como nos filmes, há sempre alguém à procura de alguém. Há sempre alguém preso às janelas, de peito rasgado pela vida. Como nos filmes, não há curas absolutas para os amores que se julgaram perfeitos. Como nos filmes, os olhos mentem. O beijo é arte e fingimento. O corpo não é pertença de ninguém. Molda-se. Cai. Decompõe-se. Como nos filmes, há alguém, neste momento, à minha espera. E não vou. Não quero correr. Não tenho pressa. Como nos filmes, não há relógios. E a verdade é que o despertador não tocou.
Mas, sabes, a lua estava perfeita ontem à noite. Como nos filmes.
Ana Caeiro, “Isto é o que hoje é”
Ana Caeiro, “Isto é o que hoje é”
* Foto retirada da Internet