terça-feira, junho 24, 2008

Última Paisagem


Colho as nossas flores moribundas, nesta imensidão
cinza-prata, ceifo os meus fracassos

de entre a erva
tenra e orvalhada da manhã.
Aceito o fim da jornada no momento em que o sol
me entra nos olhos e me fere as palavras.
O tempo demora-se nos meus passos enquanto procuro
o caminho de casa.
Ouço ao longe um grito de raiva
e o vento que me toca o rosto
mutila a última réstea de verde.


* Foto retirada da Internet


segunda-feira, junho 23, 2008

Terror de te Amar


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Sophia de Mello Breyner Andressen

* Foto retirada da Internet


sexta-feira, junho 13, 2008

Once upon a time

Once upon a time there was a number
Pure and round like the sun
But alone very much alone
It began to reckon with itself

It divided multiplied itself
It subtracted added itself
And remained always alone
It stopped reckoning with itself
And shut itself up in its round
And sunny purity
Outside were left the fiery

Traces of its reckoning
They began to chase each other through the dark
To divide when they should have multiplied themselves
To subtract when they should have added themselves
That's what happens in the dark

And there was no one to ask it
To stop the traces
And to rub them out.

Vasko Popa
* Foto retirada da Internet