O sol nas noites e o luar nos dias
E sei que mais te enleio e te deslumbro
Não me acordes. Estou morta na quermesse
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.
somos separados por máscaras e unidos por espelhos... ou vice-versa
Luto com o nosso momento final
Antecipado nos sonhos de ontem,
Presente em cada gesto banal
E em cada grito contido.
Anuncio o nosso beijo imaginário
Revelado em presságios do passado,
Debatendo-se nas línguas ácidas,
E agitando-se num mar de lágrimas.
Ataco a nossa solidão crescente
Alimentada com os medos de hoje,
Insuflada pelas palavras perdidas,
No vazio que os nossos braços alcançam.
Volto ao primeiro minuto
Antes de nos transformamos um ao outro
Em estátuas de mármore e sal,
Com o coração gelado e as mãos inertes.
Hoje somos dois Abismos negros,
Sem Alma pra absolver
Nem regresso.