segunda-feira, outubro 29, 2007

Ao longe, no meu peito


Hoje as tuas mãos
mentiam já te esqueci, mas nem por isso
e eu vi-me a entrar no mar.
Ao longe, no meu peito
um coração de ouro branco
seria a minha cruz sobre o teu colo
e tudo me pareceu justificado:
o silêncio, as gaivotas e o corpo inerte
em marés vazas
sob um azul que seria inevitavelmente nosso.
Corri no olhar em campos de trigo
e fugi à minha própria verdade
criando mentiras sobre esta cidade.
Até o cheiro me roubaste.

Werther Damien Sevach
* Foto retirada da Internet

sexta-feira, outubro 19, 2007

Criança



Criança
Tu que nasces do Amor verdadeiro e da chama ardente,
Tu que abres os caminhos da Alegria e da Esperança,
Tu que tens a Lua nas mãos e Estrelas nos cabelos,
Tu que choras e ris com o coração aberto,
Tu que cresces a cada dia em Corpo, Alma e Espírito,
Tu que crias em nós laços inquebráveis de Afecto, Amizade e Ternura,
Dá-me hoje a música do teu sorriso

Criança
Tu és o Dia Novo,
O mundo em transformação,
A luz em movimento.

Tu és a Vida em nós.

(Ao pequeno António Pedro)

* Foto retirada da Internet

terça-feira, outubro 02, 2007

Carta (do meu Silêncio)


All you seek is the end, all you hear is this sad song,
Time is reaching the end…”

“The End”, Instead, 2007



Meu Amor
O tempo agigantou-se entre nós
E tornou-nos distantes, frios e cinzentos
Como estátuas perdidas na memória.

O meu coração tornou-se uma peça inútil,
Apenas te reconhece a ti, só a tua voz o acorda.
No resto do tempo está em coma.

Meu Amor
Queria que tudo começasse hoje,
Que tu aparecesses ao virar da esquina
E que os nossos olhos e os nossos corpos
se cruzassem, por acaso.
Gostava que desta vez nos encontrássemos.

Passou tanto tempo e tu não deste conta.
Eu envelheci muitos anos, tornei-me diferente,
Habituei-me ao sabor das lágrimas.

Deitei-me e levantei-me contigo todos os dias,
Como quem vive com uma doença crónica
Á qual já se habituou.

Meu Amor
Este é o caminho terminal.
Já não tenho por onde seguir.
Tu vives num hemisfério diferente, num planeta distante
que eu não alcanço.
Sou apenas um ser imperfeito, Amor,
perdoa-me.

Sei que se lesses estas palavras
Nunca te reconhecerias nelas.
Por isso ofereço-te o meu silêncio.
O silêncio da despedida.

Meu Amor
Este é o meu segredo
Tenho-te debaixo da pele, gravado permanentemente nas mãos.
No fim, serás sempre tu o eleito.

Para sempre tua
Ginger

* Foto de Gabriele Rigon