O corpo doído ou doido
Apenas isto: um parágrafo ainda
antes das águas se apagarem.
É tudo quanto peço,
a mão cheia de vespas,
o corpo doído ou doido.
Um parágrafo que engane a noite,
uma ilha, um trópico onde arder,
a latitude do teu ventre,
para onde todo o corpo flui.
Apenas isto – um parágrafo mais,
e contigo irei, Ítaca minha,
navegando uma estrela noite dentro.
antes das águas se apagarem.
É tudo quanto peço,
a mão cheia de vespas,
o corpo doído ou doido.
Um parágrafo que engane a noite,
uma ilha, um trópico onde arder,
a latitude do teu ventre,
para onde todo o corpo flui.
Apenas isto – um parágrafo mais,
e contigo irei, Ítaca minha,
navegando uma estrela noite dentro.
João de Mancelos, “Línguas de Fogo”, 2001
* Foto retirada da Internet