Uma espécie de noite
Saímos de dentro de um ventre sem
tempo
Do umbigo do mundo nascemos sem medo
E as entranhas que parem e nos
trazem do fundo
São as mesmas que nos ferem no céu
mais profundo
Amamos sem norte e com febre-veneno
Queimamos a Alma nesta chama
invadida
E enquanto gritamos o nome da morte
Sonhamos com filhos na ponte da Vida
Dormimos em noites de aço e de
mármore
Saímos pra a rua sem roupa e em
ferida
Acabamos sem nome nesses becos
escuros
E escolhemos a dor que nos mostra a
saída
E por dentro do sonho e do tempo
infinitos
Procuramos a sorte na próxima
esquina
Mas para mim, sei por certo que sem
ti estou perdida
E que vivo na Vida uma espécie de
morte
Neste céu de neblina,
uma espécie de noite.